segunda-feira, 30 de março de 2009

Fighting Spirit




Desde a semana passada que essa cançaõ não sai da minha cabeça. Eu adoro os acordes menores existentes nela... na verdade são apenas três acordes, mas não deixa de passar uma certa emoção, mesmo ela não sendo muito rica em letra, apesar de tratar de um assunto jah banal nos dias de hoje: o amor! De 100 canções que se ouve hj em dia, 101 são sobre amor, um saco, mas algumas coisas acabam sendo relevantes, como por exemplo, a melodia que na maioria das vezes tem o dom de sequestrar a gente, concordam? Pois bem, essa é uma dessas canções em que eu me encontrei desde a primeira vez que ouvi e depois de traduzir acabei gostando mais ainda, tanto que estou quase convencendo a Carol em colocar a bendita em nosso novo repertório!
Me desejem sorte! ehehehehehe...

Vejam os versos em francês que eu mesmo traduzi (sim, nessas semanas de quimio, no vago das horas entre enjôos e dores e falta de sono, além de História eu começei a estudar francês pela milésima vez! rs...)

Qu'est-ce que tu vas faire
quand vous aimez votre parti?
Avec qui vous allez jouer
quand le jeu est fini?
Où es-tu quand vous voulez,
qui a disparu?
Comment avez-vous jouer
quand il est complètement seul?

Gardez l'esprit combatif de l'amour

Qu'est-ce que tu vas faire
lorsque, en son nom?
Qu'est-ce que vous avez
lorsque vous ne l'avez pas
un lieu d'appeler deseu?
Qu'est-ce que vous allez essayer


lors de sa protection a disparu?

Comme vous le voler
lorsque leurs ailes sont brisées?

Gardez l'esprit combatif de l'amour

Ne pas laisser tomber,
Gardez l'esprit combatif
Et donner en retour en haut
Ne vous laissez pas berner
Gardez l'esprit combatif
Et vous commencez

Gardez l'esprit combatif de l'amour

(Deve ter alguns erros, mas vamos esquecer essa parte, ok? rs...)

Só pra não esquecer, quero informar que essa canção foi lançada numa edição limitada do album Confession On a Dance Floor de 2005.

O clipe não oficial.
Existe uma outra versão muito bacana que prometo postar assim que eu encontrar!


quinta-feira, 26 de março de 2009

Sem leites e limões!

Livre da cirurgia, o próximo passo da corrida maluca seria mergulhar nas profundezas obscuras do"liquido vermelho". Pelo menos era dessa forma que eu via o tratamento antes de ser diagnosticado. A imagem que eu tinha de pessoas que se tratam desse "monstrinho" era basicamente a do protagonista de 'Tudo por Amor'. Mas em uma das minhas idas ao instituto, eu conheci um paciente que tinha inúmeras características em comum comigo. Mesma idade, mesma doença, mesmos "brações" de tiranossauro, mesmo senso de humor. E nós havíamos sido operados no mesmo período, com a diferença de que ele já conhecia a quimioterapia por ter passado por algumas sessões antes da cirurgia. Sua descrição dos efeitos colaterais da quimio me deixou agradavelmente surpreso. Segundo ele, eu me sentiria cansado nos quatro dias seguintes à aplicação, teria algumas aftas na boca e, com sorte, nem perderia os cabelos (ela havia perdido os seus, mas não parecia abalado com o fato de estar careca e eu não tive tanta sorte também, pois até minhas sobrancelhas se foram! nossa, que feio eu fiquei... rs...). Um remédio chamado Nausedron resolveria o problema dos enjôos. A nutricionista aconselhou que ele evitasse frutas ácidas e laticínios durante o tratamento. Nada muito dramático, eu sobreviveria numa boa sem leite e limões por alguns meses. Fácil demais, eu deveria ter desconfiado.Na primeira consulta com o oncologista, ele garantiu que eu estava livre da radioterapia - não só na primeira, já que em todos os nossos encontros eu o fazia jurar que não precisava desse tratamento.
Minha pessoa seria submetida a oito sessões de quimioterapia, com intervalos de oito dias entre uma e outra. E quanto aos efeitos colaterais? "A medicina avançou bastante nessa área. Os remédios que amenizam os efeitos colaterais da quimioterapia são bastante eficazes. Você não vai sentir enjôos fortes, talvez um leve mal-estar". "Eu vou ficar careca?" perguntei, torcendo para ouvir algo parecido com "eu corto meu pinto fora se você ficar careca". Mas a resposta não foi tão animadora: "ainda não existem remédios que evitam a queda dos cabelos, mas algumas pessoas não ficam carecas durante o tratamento". Ok, eu tinha uma chance. "Maurício, você vai ter uma vida praticamente normal. Claro que se você tomar a quimio e comer uma feijoada em seguida pode sentir enjôo, mas fique tranqüilo. Você pode até tomar um choppinho com seus amigos de vez em quando. Lembre-se: vida normal". Marquei a primeira aplicação de quimioterapia para a semana seguinte e voltei para casa animado. Vida normal, certo? Pois hoje eu tenho uma palavra para definir essa história de ‘vida normal’: BULLSHIT.

As duas horas de aplicação na tarde da última sessão foram as mais longas de toda a história da humanidade. Quando a enfermeira finalmente retirou a agulha do cateter na minha mão, pude dizer em voz alta a palavra que ficou presa na garganta durante oito semanas. "Acabou". Pelo sorriso da enfermeira e do Júlio (muito obrigado, guri, por tudo!) pude perceber que eles entendiam a carga enorme de alívio que a palavra carregava. Olhei em volta e senti uma pontada de culpa por comemorar, mesmo que internamente, enquanto muitos pacientes davam os primeiros passos do tratamento.
Ontem a noite, enquanto tomava banho, tive uma crise de choro. Eu chorei muitas e muitas vezes durante todo o tratamento(escondido, claro), mas aquele era outro tipo de choro. Durante minutos, horas, sei lá, eu descarreguei todo o medo, as dores e os sustos pelos quais passei depois de descobrir o "monstrinho" que habitava em mim. Eu repetia ‘acabou, acabou, acabou’, tentando convencer a mim mesmo que o pesadelo havia ficado para trás. Mas no fundo eu sabia que só me convenceria disso depois dos efeitos colaterais. E os efeitos colaterais da última sessão de quimio não foram diferentes das anteriores. Tive fraqueza durante quase uma semana, teve barriga roxa de tanta injeção de filgrastima, teve dor quase insuportável na maxilar e no pescoço por três ou quatro dias. Até que, hoje, quando a Luzia jogou fora a seringa com a qual aplicou a última dose de Granulokine, eu respirei fundo e relaxei. "Agora, sim, ACABOU!".

Bem, tirando minha "família", somente o Elenilson a Meg e o Renato souberam do fato de forma mais intensa e precisa, pois não seria nada agradável carinhas de pena torcendo pelo meu fim nessa tragetória!
Se esconder? Disse a Meg. Foda-se! Faz o que vc achar melhor em relação a isso. tú não deve nada a ninguém mesmo... ! Sim, eu não devo nada a ninguém e chamem do que quiser. Exposição, impulso e o caralho a quatro. Tudo bem, o blog talvez não seja o melhor lugar para se contar isso, mas se não fosse aqui, onde seria? Num livro? Nem pensar! Eu não teria saco!
Enfim, como diria Dr. Mário... "vida normal"! Aceitam uma cerveja (sem alcool)? não? thanks.



PS: Obrigado de coração (e especial) ao pessoal da enfermaria, ao Júlio, pelas sobremesas "sequestradas" do refeitório e pela paciencia comigo. Obrigado a Dete e a Rose por serem rápidas no vasilhame para encher com meu vômito desesperado. Um muito obrigado especial ao Elenilson Nascimento, que me adotou nessas semanas "intermináveis, ao Rê, mais uma vez pela paciencia, a Meg, ao Pedro, que insistentemente invadiu minha área (bendita hora) e me surpreendeu por demais e aos meus caninos amados que pareciam entender toda a parada que acontecia. Obrigado a todos aqueles que estiveram comigo e um muito obrigado a quem fez questão de desaparecer na hora em que eu mais precisei!
Para aqueles que torceram para o fim do Maurício Zerk, uma boa viagem nesta vida louca e muito amada por mim!

E só para não esquecer: Pai, EU TE AMO!


(Pois é, eu ainda acredito no amor!)

terça-feira, 24 de março de 2009

Na hora do almoço: bife, batata frita e ovo a cavalo!!!



Amigos,

hoje regressei ao meu posto de trabalho.

Confesso que ia um bocadinho nervoso, não que o trabalho se desaprenda, mas afinal foram 8 semanas sem trabalhar e por motivo alheio á minha vontade. Foi um misto de emoções, julgo que nunca gostei tanto de voltar ao trabalho, saber que sou útil, que sobrevivi ao "líquido vermelho", que aos poucos tudo volta ao normal e recupero a minha vida.
Para o almoço: bife, batata frita, ovo a cavalo e um belíssimo sorvete de cupuaçú. "Irra, tava a ver que nunca mais comia...".


Agradeço a todos quantos me têm apoiado até aqui, espero contar convosco para sempre.

PS.: Sr. Louise, toh com saudades das fofocas, homem! rs...
Vamo combinar uma hora depois, ok?

sábado, 21 de março de 2009

Num caminho sem fim.



***

"Nunca tive medo de me mostrar. Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes. Mas você tá vivo, e essa vida é pra se mostrar. Esse é o meu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho."


Cazuza.


Segue pra turma que visita minha página, o endereço para download do meu novo SINGLE, que as duras penas ficou pronto! Tem mais dez canções na ponta da agulha, porém, ouvindo todas com mais cuidado, percebi milhões de erros, então meu povo, tenham paciência que em breve estarei disponibilizando tudo por aqui, por ae e aculá! rs...

"CRIQUE" AQUI e goze, meu bem!


quarta-feira, 18 de março de 2009

Preciso demais "desabafar" e de 06 colheres de sopa de Nescau! rs...

" Deixa, deixa, deixa...
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Deixa, deixa, deixa...
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar... ".
...
























Algumas coisas valem bem mais que mil palavras!

domingo, 15 de março de 2009

Podia ser pior...



O cabelo cresce de novo. O cabele cresce bem rápido até. O que demora mesmo é o aprendizado. E no entanto, faz anos que meu pai me diz: quem procura apenas preço é sua merecida vítima.

Podia ser pior...

não entendeu? não precisa... Eu entendo sozinho! rs...


Olha só, deixa eu contar.
Os erros na anti penultima postagem são propositais e o video
da Faber Castel que eu queria postar é ESSE AQUI e não essa coisa ae em baixo na penultima postagem!

Bem, para variar vou dormir!!
Boa semana pra todos!
Beijocas,

Zerk

Olha só o "cripe" ae:

domingo, 8 de março de 2009

Qualquer Coisa (?)


Eu...
Como qualquer outro, aqui estou, num mundo criádo por outros e vivido por nós. Ou criado por nós e vivido por outros... Qem sabe? Eu não, sou apenas Alguem que não se limita a vivê-lo.
Alguem é qem eu sou. Alguem que nasceu a chorar (ou que chorou ao nascer! rs...), mas depressa aprendeu a sorrir.. Alguem com medos, receios, coragem... Alguem que fez coisas que não devia ... outras que devia ter feito mais vezes, alguém que aguarda por aquiilo que ainda tem que ser feito. Sou Alguém como qualquer um de vocês, que um dia vestiu um rosto e que a partir dele é visto, um rosto que fala por mim, com um sorriso nos lábios, um olhar simpático, uma lágrima sincera, e umas palavras a dizer... "Nasci... Sou feliz". E aqui estou eu para desabafar com o mundo, partilhando o meu com o vosso.
Chegou a hora... fecho agora os olhos e seguirei o meu caminho, aquele que ainda desconheço, um caminho só meu, novo, extremamente desconhecido, COM SABOR DE FRUTA MORDIDA, de mãos macias e "ordinárias", que me rouba a cada susto, que me asombra e me amedronta, mas que nasci para descobrir!

sexta-feira, 6 de março de 2009

E NO INÍCIO, DEUS CRIOU O CÉU E A TERRA.


No início era o caos. Do caos tomaram forma os nossos dentes, feitos especialmente para morder a maçã; os nossos braços, para tecer as velas; e enfim os olhos, para mirar o horizonte e não contentar-se em acreditar que aquilo que não se vê, não existe; que aquilo que não existe, nunca existiu e, conseqüentemente, nunca existirá. Porque isto não é verdade. Por isto o nosso jogo não acaba. Por isto o estupor é um demônio que te domina, até que alguém confie na sua intuição, jogue os dados e avance algumas posições no jogo da vida, que não se vence nunca e não acaba nunca.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Je suis fier de l'être humain. Et les cyniques qui fuck!!!


Conversando com Carol - que coisa estranha, nomeá-la só como 'Carol'. As duas pessoas que devem ler este blog provavelmente a conhecem como 'Carola'; e, pra mim, ela é a melhor coisa na quase extina Ut Supra. Enfim, enquanto conversava com Carol, começou a tocar a música Thank U, da Alanis. Pop victims que somos, começamos a cantar junto. E lembramos, cada um, sua vivência "adolescente": Carol, que afirma que Jagged Little Pill é o cd/dvd que ela mais escutou/assistiu na vida; e eu, quase isso, porque a partir de 1999 eu vivi à base de MTV, o que faz com que músicas como You Learn e Ironic - especialmente as versões acústicas - sejam ícones daquela época, quando eu e uma turma do "mal" saíamos por ae e tocavámos quase todas as canções do disco.Mas o que a gente comentou é o porquê gostamos da Alanis. O que eu sempre gostei nela é a ingenuidade. Nada de cinismo, nada de sarcasmo, pouca ironia: ela escreve músicas expresssando sua crença no amor, crença de que o bem vai vencer no final,(ahahahahahahahahahah... doce sonho...) crença na paz e na humanidade. Eu queria ser cínico. Às vezes eu sou. Acho que só quando eu quero... Porque minha ingenuidade se expressa nos momentos mais inconvenientes. É levar desaforo pra casa, é acreditar na bondade intrínseca ao ser humano, na harmonia do universo, e oras, acreditar em uma entidade ou sei lá o que, feita só de amor, que nos guia, ilumina, acalma e protege.Minha ingenuidade e meu entusiasmo com a humanidade estão à flor da pele. E pronto, falei: Este é um post tapa buraco, onde me encontro sem "saco", onde as vezes eu desabafo, por mais ridículo que pareça. Quem sou eu pra fazer análise de alguma coisa; eu só sei o que eu sinto. Neste momento, eu sinto orgulho de ser humano. E os cínicos que se fodam.

quarta-feira, 4 de março de 2009

***





Uma contradição ambulante.
Treze tipos de humor em um único dia.
Uma das maiores características é a de que eu sempre me irrito. Se não tem mais jeito, é certeza que eu vou deixar de lado. Minha maior contradição é que mesmo não tendo mais jeito, incrivelmente, eu nunca consegui me deixar.

terça-feira, 3 de março de 2009

ERA UMA VEZ...




Ontem voltando pra casa vim escutando música no meu adorado MP3 player. Alanis, Queen e Radiohead: modo aleatório, virar a cabeça para o lado e cochilar. Mas não cochilei. Pois tive uma sensação intrigante, como se a cada música que eu ouvisse, eu me lembrasse de alguém. Um música me lembrava tal pessoa, pois essa pessoa adora essa música. Outra, porque em determinada situação ouvi essa música com tal pessoa. Ou então eu simplesmente associei arbitrariamente em meus pensamentos uma pessoa a uma música, mesmo sem muita lógica. E essa sensação foi ficando cada vez mais nítida, como se cada pessoa realmente tivesse sua música na minha cabeça. (Agora mesmo, escrevendo essas linhas e ouvindo música, "Fake Plastic Trees" me lembra de alguns amigos, e essa sensação continua.)Será mesmo que cada pessoa de quem gosto tem a sua música? Será que eu sou a única pessoa que associa as pessoas a músicas? Acho que não é exatamente assim: não são músicas que lembram pessoas, ou vice-versa. São frases, situações, lembranças que cada música evoca em mim. Um casal de namorados costuma ter "A sua música" especial. Acho que cada amigo e familiar meu também pode ter certeza de que tem a sua música. E olhe que tenho muitas músicas especiais, muitas "nossas músicas".Então também imaginei se eu tenho alguma música que seja minha. Não consigo pensar em nenhuma. Será que quando toca alguma música, eu não lembro de mim mesmo? Costumo pensar que tenho uma música por semana: há vezes que fico desesperado para ouvir determinada música, e então ouço até gastar duarante aquela semana! E depois passa...Mas não. Não consigo apoderar-me de nenhuma para mim, como se fosse uma música para aumentar minha auto-estima: compartilho-as todas com meus amigos, e isso me faz bem. E eu acho que eu não sou o único que faz isso não: garanto como tu também te lembras de alguém quando toca alguma música. Música de que gosto, que tocou naquele dia especial (ou não), que não tenha nada a ver comigo. Enfim, é bom saber que nenhuma música é somente boa pelas suas frases musicais, sua letra ou melodia: O que torna uma música especial são as boas lembranças que ela nos traz.



"I hope you don't mind that I put down in words how wonderful life is now you're in the world"

domingo, 1 de março de 2009

E DA-LHE CAGADAS!



Volta e meia a gente se surpreende fazendo algo completamente inacreditável. É o tipo de coisa que a gente faz e, no minuto imediatamente posterior a gente pensa: "Não acredito que eu fiz isso!". É algo instantâneo, porém irremediável: a famosa cagada. Quando a gente se lembra de uma cagada, mesmo que seja muito tempo depois, a gente fica com vergonha, às vezes até enrubesce (sc?) e faz uma careta só de pensar que foi capaz de fazer tal barbaridade. Às vezes, até mesmo quando outra pessoa faz uma cagada, a gente fica com vergonha pela pessoa.

Quando eu estava no jardim de infância, (sim, eu me lembro de quase tudo naquela época, principalmente do "A" que eu sempre fazia de cabeça pra baixo) minha professora, a tia Vera, propôs uma atividade para o dia das mães: cada criança trouxe um copo de vidro para a aula e desenhou sobre ele com tinta especial. O copo seria um presente personalizado para as mães. Alguns dias antes da data, minha mãe estava falando comigo e eu contei a ela algo sobre o copo. Depois, dei-me conta do que tinha feito e comecei a chorar, dizendo que tinha estragado a surpresa. É claro que minha mãe falou que não havia ouvido nada, que não sabia do que se tratava e fingiu a maior surpresa no dia das mães. Mas fiquei tão envergonhado...
Outra vez, quando eu estava na quarta ou quinta série, não tenho certeza, escrevi em um caderno: "Eu gosto da fulaninha" ou "Eu amo a fulaninha". Acabei perdendo o tal do caderno, sabem, sempre fui muito desastrado mesmo. O caderno foi parar nas mãos de um colega muito pentelho, que o mostrou para metade da escola. Pronto! Eu quis me enterrar num buraco, nunca mais aparecer na aula, etc, etc. É muito estranho que toda a vez que eu me lembro disso, a sensação de "Eu não fiz isso..." é a mesma.
Uma vez, numa gincana da escola, uma tarefa exigia que o grupo fizesse uma encenação de um circo. A tal da encenação tinha ficado sob a responsabilidade de pessoas que acabaram desistindo e, no fim, acabei assumindo na última hora. Resultado: porcaria. No momento da apresentação, ninguém sabia o que fazer, ficamos todos perdidos em cima do palco. Para piorar, eu tinha assumido o papel de palhaço do circo. E o que era para ser engraçado acabou sendo extremamente ridículo.
Quando eu, minha irmã, o Alex e a Rebeca fomos ao cinema no início do ano passado, aproveitamos para comer algo no shopping. Na praça de alimentação, as mesas ficam todas próximas umas das outras. Alguém lembrou de uma piada e, como se sabe, é impossível contar uma piada sem lembrar-se de outra. Então resolvi contar algumas piadas que eu havia ouvido recentemente: piadas racistas. Para mim, elas eram extremamente engraçadas, e por isso eu falava alto e com a maior empolgação. Quando olho para o lado, uma moça negra se levanta e troca de mesa. Depois desse dia, passei a não conseguir tolerar mais nenhum tipo de piada preconceituosa. Só em pensar, fico constrangido.
Enquanto eu escrevo isso aqui, faço várias caretas de vergonha. Não só por relembrar todas essas coisas, mas também porque essa semana fiz uma das grandes. Que baita cagada! Sim, a responsabilidade foi minha pelas várias coisas inacreditáveis que fui capaz de fazer e dizer(inclusive trair a confiança das pessoas). Não consigo deixar de me sentir envergonhado.
Eu sei, essa sensação ruim logo passa. Mas sei também que a confiança demora um pouco mais para cicatrizar, por mais que me tentem convencer do contrário. Olhando pelo lado positivo, fica a lição: não custa nada pensar mais um pouco antes de tomar uma atitude inconsequente ou falar algo impensado.

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