sexta-feira, 27 de maio de 2011

Serenata

"Permita que eu feche os meus olhos,



pois é muito longe e tão tarde!


Pensei que era apenas demora,


e cantando pus-me a esperar-te.


Permita que agora emudeça:


que me conforme em ser sozinha.


Há uma doce luz no silencio,e a dor é de origem divina.


Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo,


e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo"





Cecília Meireles

terça-feira, 17 de maio de 2011

Marina Lima - Sissi Na Sua - relembre

Por mais que Marina diga que qualquer pessoa de qualquer parte do país e classe social pode se identificar com sua música atual - o que é verdade -, não há como dissociar seu novo CD duplo Sissi na Sua (ao vivo) do clima noturno, melancólico e ruidoso típico de um grande centro urbano num final de século. A maioria das canções compostas nos últimos cinco anos e presentes neste CD fala de desencontros, solidão e de uma busca de se respirar em meio ao caos atual das metrópoles. Ótimas músicas que passaram ao largo do grande público, tais como Pierrot, Deixa Estar, Irremediáveis Mortais, O Solo da Paixão e outras, dos dois últimos álbuns de estúdio da cantora, voltam no formato ao vivo. Fora as 12 canções regravadas desses dois discos, há oito sucessos de várias fases de sua carreira, como Pessoa, Nem Luxo, Nem Lixo, Acontecimentos, Virgem, Fullgás, Pra Começar e À Francesa. Alguns deles com novos arranjos, ainda que nenhum supere os originais. Completando o repertório, há apenas três inéditas. As melhores são Mel da Lenda (Marina/ William Magalhães), melodiosa, gravada no formato voz e piano, e Sissi (Marina/ Fernanda Young), de linhagem techno. Em estúdio, talvez obtivessem melhor resultado. Aliás, o disco todo em estúdio funcionaria melhor, já que o estilo de som - eletrônico - com o qual a cantora vem trabalhando atualmente não funciona muito com palmas e assovios de fundo. Quanto ao quesito voz, Marina não está como nos velhos tempos - ela recita mais do que canta em algumas músicas. Em compensação, está bem mais solta que no penúltimo CD, Pierrot do Brasil. Sissi na Sua é um disco que agradará mais àqueles que não vêm acompanhando o seu trabalho nos últimos anos. Seus fãs, que possuem seus discos mais recentes, porém, poderão se frustrar um pouco, pois nele não há novidades maiores. O álbum soa mais como uma tentativa da cantora reencontrar seu público, com mais vigor e menos medo, e de espantar de vez a sua fase deprê.
 
 


***