sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Eu não sei me cuidar, mas relaxa, eu tô quase lá!




Eu lembro meu nome escrito no teu caderno com a tua letra feia e garranchada como o nosso amor que já nasceu morrido. Eu lembro a tua voz rouca na madrugada da balada tuas falas gritadas no meio da pista a música absurdamente alta eu não escutando nada das tuas maneiras de me dizer te amo e eu não te merecendo e depois você indo embora comigo no meu auto eu dirigindo e você no banco do passageiro tão passageiro mas tão passageiro que durou pouco mas tão pouco muito pouco. Eu lembro a tua voz enrouquecida dos berros na balada a tua voz seguinte me sussurando coisas no ouvido e as coisas me entrando pela direita e me saindo pela esquerda. Se eu não lembrasse a miséria que foi o meu amor por você talvez eu não demorasse assim estacionado nessas sombras que são da angústia de uma coisa que passou e eu deixei passar e hoje fico pensando que não me arrependo mas que faria diferente e não te daria aquele arremedo de amor que eu te dei junto com a camiseta amarela da m.officer de presente de -oi acabei de te conhecer e quero ir adiante com você-. hoje o meu presente de oi-etc seria escrever para você umas coisas que se não servissem para te agradar serviriam ao menos para rechear algum livro publicado depois que eu morresse para garantir direitos autorais aos meus descendentes -colaterais e indiretos- na falta dos meus filhos que ainda não nasceram. eu lembro que o meu amor pela metade que eu te dei regulado não teve vírgula nenhuma. teve foi uma coleção de reticências embebidas num litro de interrogações. Eu lembro que o nosso amor teve parágrafo travessão umas dúzias de letras indispostas e um gigantesco ponto final em arial bold que desabou em cima de tudo ou de nada já que o que aconteceu foi: nada. lembro tudo. lembro esse nada e penso na tua letra de pedreiro na tua voz de sarrafo rachado depois da balada e mergulho nesse passado que sentou no banco do passageiro e não passou ainda.

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