quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Encontrei um amigo agora de manhã e ele me perguntou: "E agora, José?"



há uma grande angústia comendo meu coração. ela mora nas entranhas e não sabe por que nasceu. ela só sabe que existe para devorar e cuspir em lágrimas. ela é uma grandessíssima idiota, imprestável -- mas não posso dizer isso em voz alta. temo que ela se magoe com minha opinião adversa e resolva me castigar ainda mais. na realidade, nem é assim tão complicado conviver com ela e sei também que ela não é irremediável, mas não tenho ainda uma informação concreta sobre como vencê-la. coitada, ela não tem culpa de ser o que é e fazer o que faz. talvez eu nem devesse querer me livrar dela. o que será dessa angústia por aí, sozinha, sem mim? ela, acostumada a alimentar-se de mim, pode morrer de fome. no fundo, ela é minha angústia de estimação, que cultivo diante das dúvidas desta existência, da aparente falta de sentido para tudo (nascemos para morrer?), dessa vontade que nunca se concretiza de fazer algo transformador, dessa sensação de precariedade que a vida encerra. se tudo vai mesmo se extinguir, por que tanta preocupação? de onde nasce essa angústia que já sabe que vai morrer? não sei e sei que não vou saber agora, porque já está tarde, quase 4 da madrugada, e isso não é hora de gente que trabalha cedo ter angústia. vou levá-la a dormir comigo agora, na minha cama quente de lençol térmico. minha angústia me atormenta, mas eu a trato muito bem. boa noite.

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