Minha pessoa seria submetida a oito sessões de quimioterapia, com intervalos de oito dias entre uma e outra. E quanto aos efeitos colaterais? "A medicina avançou bastante nessa área. Os remédios que amenizam os efeitos colaterais da quimioterapia são bastante eficazes. Você não vai sentir enjôos fortes, talvez um leve mal-estar". "Eu vou ficar careca?" perguntei, torcendo para ouvir algo parecido com "eu corto meu pinto fora se você ficar careca". Mas a resposta não foi tão animadora: "ainda não existem remédios que evitam a queda dos cabelos, mas algumas pessoas não ficam carecas durante o tratamento". Ok, eu tinha uma chance. "Maurício, você vai ter uma vida praticamente normal. Claro que se você tomar a quimio e comer uma feijoada em seguida pode sentir enjôo, mas fique tranqüilo. Você pode até tomar um choppinho com seus amigos de vez em quando. Lembre-se: vida normal". Marquei a primeira aplicação de quimioterapia para a semana seguinte e voltei para casa animado. Vida normal, certo? Pois hoje eu tenho uma palavra para definir essa história de ‘vida normal’: BULLSHIT.
As duas horas de aplicação na tarde da última sessão foram as mais longas de toda a história da humanidade. Quando a enfermeira finalmente retirou a agulha do cateter na minha mão, pude dizer em voz alta a palavra que ficou presa na garganta durante oito semanas. "Acabou". Pelo sorriso da enfermeira e do Júlio (muito obrigado, guri, por tudo!) pude perceber que eles entendiam a carga enorme de alívio que a palavra carregava. Olhei em volta e senti uma pontada de culpa por comemorar, mesmo que internamente, enquanto muitos pacientes davam os primeiros passos do tratamento.
Ontem a noite, enquanto tomava banho, tive uma crise de choro. Eu chorei muitas e muitas vezes durante todo o tratamento(escondido, claro), mas aquele era outro tipo de choro. Durante minutos, horas, sei lá, eu descarreguei todo o medo, as dores e os sustos pelos quais passei depois de descobrir o "monstrinho" que habitava em mim. Eu repetia ‘acabou, acabou, acabou’, tentando convencer a mim mesmo que o pesadelo havia ficado para trás. Mas no fundo eu sabia que só me convenceria disso depois dos efeitos colaterais. E os efeitos colaterais da última sessão de quimio não foram diferentes das anteriores. Tive fraqueza durante quase uma semana, teve barriga roxa de tanta injeção de filgrastima, teve dor quase insuportável na maxilar e no pescoço por três ou quatro dias. Até que, hoje, quando a Luzia jogou fora a seringa com a qual aplicou a última dose de Granulokine, eu respirei fundo e relaxei. "Agora, sim, ACABOU!".
Bem, tirando minha "família", somente o Elenilson a Meg e o Renato souberam do fato de forma mais intensa e precisa, pois não seria nada agradável carinhas de pena torcendo pelo meu fim nessa tragetória!
Se esconder? Disse a Meg. Foda-se! Faz o que vc achar melhor em relação a isso. tú não deve nada a ninguém mesmo... ! Sim, eu não devo nada a ninguém e chamem do que quiser. Exposição, impulso e o caralho a quatro. Tudo bem, o blog talvez não seja o melhor lugar para se contar isso, mas se não fosse aqui, onde seria? Num livro? Nem pensar! Eu não teria saco!
Enfim, como diria Dr. Mário... "vida normal"! Aceitam uma cerveja (sem alcool)? não? thanks.
Se esconder? Disse a Meg. Foda-se! Faz o que vc achar melhor em relação a isso. tú não deve nada a ninguém mesmo... ! Sim, eu não devo nada a ninguém e chamem do que quiser. Exposição, impulso e o caralho a quatro. Tudo bem, o blog talvez não seja o melhor lugar para se contar isso, mas se não fosse aqui, onde seria? Num livro? Nem pensar! Eu não teria saco!
Enfim, como diria Dr. Mário... "vida normal"! Aceitam uma cerveja (sem alcool)? não? thanks.
PS: Obrigado de coração (e especial) ao pessoal da enfermaria, ao Júlio, pelas sobremesas "sequestradas" do refeitório e pela paciencia comigo. Obrigado a Dete e a Rose por serem rápidas no vasilhame para encher com meu vômito desesperado. Um muito obrigado especial ao Elenilson Nascimento, que me adotou nessas semanas "intermináveis, ao Rê, mais uma vez pela paciencia, a Meg, ao Pedro, que insistentemente invadiu minha área (bendita hora) e me surpreendeu por demais e aos meus caninos amados que pareciam entender toda a parada que acontecia. Obrigado a todos aqueles que estiveram comigo e um muito obrigado a quem fez questão de desaparecer na hora em que eu mais precisei!
Para aqueles que torceram para o fim do Maurício Zerk, uma boa viagem nesta vida louca e muito amada por mim!
E só para não esquecer: Pai, EU TE AMO!
(Pois é, eu ainda acredito no amor!)
2 comentários:
Não agradeça! Aceito o pagamento com um porre, muita conversa e risadas intermináveis!!!!!!!!!!
Louise
ehehehehe...nem fala em porre, pois hj eu tomei umas 10 sozinho! ops, acho que me entreguei! ahahahahahaha...
bjão, garoto!
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